Uma das mais tradicionais regiões portuguesas, a Bairrada é um “prato cheio” para os amantes de vinho. Isso porque produz de tudo um pouco. Seus espumantes são considerados os melhores de Portugal, já seus tintos e brancos exibem um estilo clássico com aromas e sabores delicados, boa acidez e uma elegância fora do comum. E a Bairrada ainda tem seus rosés despretensiosos e bons de mesa. Na prateleira da Bairrada qualquer wine lover faz a festa!
Como muitas das tradicionais regiões vinícolas europeias, a Bairrada entrou no mundo do vinho pelas mãos dos monges da Ordem de Cister, que ocuparam a região e, claro, plantaram vinhedos para elaborar vinhos, entre os séculos X e XII. Atualmente, a Bairrada esparrama-se ao longo de 40 quilômetros entre as cidades de Aveiro e Coimbra, bem no centro de Portugal. Conta, por isso, com a bem-vinda e marcada influência atlântica de um lado e, no outro oposto, depara-se com as serras do Caramulo e Buçaco. Esse trecho abriga 9.500 hectares de vinhedos divididos entre centenas de pequenos produtores – é uma região muito fragmentada.
Além das brisas marítimas e da enorme amplitude térmica durante o período de maturação das uvas – que pode chegar a 20oC! –, outro fator determinante para o estilo dos vinhos da Bairrada é o solo – há, basicamente, dois tipos: argilo-calcáreos e arenosos. O primeiro é ocupado, especialmente, pela uva tinta Baga – a grande casta da Bairrada. Desconfia-se que essa uva pertença à mesma família da Pinot Noir e da Nebbiolo e, quando cultivada no solo certo e com técnicas apropriadas, colhida no momento ideal de maturação e vinificada com cautela, gera vinhos de “outro mundo”, com uma finesse impressionante e uma longevidade infinita. São vinhos de cor intensa, aromas de frutos silvestre, taninos marcados e boa acidez. Outras uvas tintas que, pouco a pouco, chegaram das vizinhanças e de além fronteiras são a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen, Castelão, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Pinot Noir, mas a Baga ainda reina soberana por aqui.
No catálogo das uvas brancas, a “competição” é bem maior, disputando as taças estão as uvas Maria Gomes (conhecida também como Fernão Pires), Bical, Arinto, Cercial, Rabo de Ovelha e as francesas Sauvignon Blanc e Chardonnay. Há uma grande diversidade de vinhos brancos da Bairrada, desde os mais jovens e frutados até vinhos sérios, complexos e estruturados, para serem apreciados com a devida paciência.
Mas não se engane, esta é uma terra de espumantes por excelência – a Bairrada é uma espécie de Champagne portuguesa. Seus espumantes seguem o método clássico, com segunda fermentação na garrafa, e são elaborados com as típicas uvas da região. Eles exibem uma acidez frutada incomparável e acompanham divinamente um dos mais emblemáticos pratos locais: o leitão da Bairrada.
Com uma produção limitada, que não chega a tantos países do mundo (o Brasil é um felizardo neste ponto!), a Bairrada vem se estabelecendo como uma região vitivinícola cheia de preciosidades, mantendo o seu caráter original, mas apostando na precisão do Novo Mundo. Um de seus embaixadores mais ilustres é o produtor Luís Pato, que já tem seguidores na própria família. A Nova Bairrada vem aí, sem perder a tradição!