A Pinot Noir é uma das castas mais antigas do planeta, com mais de 2.000 anos de história e centenas de clones diferentes. A família de uvas Pinot é descendente da Vitis vinifera silvestris, a uva selvagem, provavelmente “domesticada” para a produção de vinhos. Seu local de origem não é certo, com hipóteses diversas, entre elas, o norte da França, Egito ou Lombardia. Há duas suposições para a origem do nome Pinot: a primeira é uma referência ao cacho, com formato de pinha. A segunda, é que o nome vem da cidade de Pignols em Puy-de-Dôme, na França.

A Pinot Noir é considerada uma das uvas mais difíceis de ser produzida. Além de ser propensa a diversas doenças, ela matura cedo, sofrendo em climas mais quentes. O solo ideal para a Pinot é o argilo-calcáreo e o ciclo vegetativo não deve ser curto demais para que o engaço (o caule do cacho) fique também maduro. Em diversas regiões o engaço é usado na vinificação para conferir ao vinho mais taninos.

 

OS AROMAS DA PINOT NOIR

A graça de um bom tinto de Pinot Noir está no bouquet repleto de aromas e nas diversas sutilezas e nuances que o vinho é capaz de oferecer. Por não ser tão óbvio, é tido por muitos apreciadores como um vinho para especialistas. Na verdade, é muito fácil se render aos encantos de um bom Pinot Noir, que combina grande elegância e sofisticação com saborosas notas de fruta. É um vinho de taninos suaves e ótima acidez, o que o torna incrivelmente gastronômico.

A Pinot Noir é uma das melhores uvas para exemplificar o conceito de terroir. Mesmo com uma assinatura própria, ela dá origem a vinhos tintos bastante distintos dependendo de onde é plantada. Do mesmo modo que é praticamente impossível reproduzir os vinhos da Borgonha, é muito difícil produzir os Pinots de outras partes do mundo. Cada terroir valoriza uma faceta desta fantástica uva.

 

PINOT NOIR PELO MUNDO

 

Borgonha (França)

A região da Borgonha, no centro-leste da França, é a grande referência para a produção de vinhos com a uva Pinot Noir. Um lugar de clima frio, que varia consideravelmente de safra para safra. Os bons Borgonhas são sempre delicados e elegantes, com um interessante toque terroso.

 

Oregon (Estados Unidos)

O Estado de Oregon, no noroeste dos Estados Unidos – especialmente a região de Willamette Valley -, é reconhecido como endereço de maravilhosos tintos de Pinot Noir do Novo Mundo. Os primeiros vinhedos plantados datam da década de 1970 e, aos poucos, essa emergente fronteira vitivinícola foi atraindo, produtores de fora, tanto da Califórnia como da Austrália e da própria Borgonha. Até mesmo o influente crítico Robert Parker tornou-se sócio de um projeto na região – a vinícola Beaux Frères. Protegido do Oceano Pacífico graças à cordilheira da costa, mas com verões frios e nublados e invernos não tão rigorosos assim, o Oregon é uma terra que produz Pinot Noirs sutis, macios e frutados, com profundidade comparável aos autênticos exemplares franceses. Seus tintos de Pinot Noir fazem tanto sucesso que desde 1987 é realizada no Oregon a International Pinot Noir Celebration.

 

Sonoma (Estados Unidos)

A região de Sonoma, na Califórnia, é resfriada por uma corrente que vem do Oceano Pacífico e a névoa fria que cobre os vinhedos pela manhã permite um bom desenvolvimento à Pinot Noir. Os vinhos são ricos e cheios de fruta, fáceis de beber e gostar.

 

Central Otago (Nova Zelândia)

Central Otago, no extremo sul da Nova Zelândia, tem um clima frio por excelência. A colheita é bem tardia, o que proporciona um ótimo desenvolvimento das uvas. Os vinhos de Central Otago combinam grande profundidade de fruta com bastante elegância.

 

África do Sul

Apenas 1% dos vinhedos da África do Sul são plantados com a Pinot Noir. A uva mostra suas qualidades nas regiões mais frias. A seca região de Robertson Valley combina notas exuberantes de frutas maduras com um sofisticado toque de frutas secas no paladar.

 

Mendoza (Argentina)

Os vinhedos plantados em altitudes elevadas são a alternativa da Argentina para o clima mais ameno que a Pinot Noir demanda. Em altitudes que chegam a quase 1.500 metros, a amplitude térmica garante um desenvolvimento perfeito das uvas, equilibrando os vinhos com boa acidez e elegância.

 

Leyda  (Chile)

Leyda é uma região que faz muito sucesso entre os enófilos. Sua proximidade do Oceano Pacífico confere a este terroir um clima muito mais frio que outras regiões do Chile, ao passo que a ótima exposição solar proporciona aos vinhos bastante potência e profundidade.